Do Éden ao Divã

Por @meire_md

“Embora os judeus representem apenas 3% da população norte-americana, 80% dos comediantes dos Estados Unidos são judeus” Do Éden ao Divã | Moacyr Scliar, Patricia Finzi e Eliahu Toker

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O humor, a ironia e a capacidade de rir das próprias desgraças são tão enraizados na cultura judaica que estudiosos sobre o tema encontraram humor até em textos religiosos antigos.

Do Éden ao Divã é uma coletânea de anedotas que começa pelas historietas talmúdicas e vai até as que adotaram diferentes características de estilo de acordo com a época e localização geográfica do povo judeu, que sofreu a primeira diáspora nos tempos babilônicos.

Com a segunda diáspora, iniciada após a destruição do Templo de Jerusalém (ano 70 dEC), os judeus foram se espalhando pela Europa, África, Península Ibérica, Oriente Médio e Leste Europeu, região considerada o berço do humor judaico.

Com o avanço do antissemitismo e a violência das perseguições, espalharam-se pelas Américas, incluindo o Brasil.

Como diz a anedota sobre o dilúvio,  na qual o padre conclama os cristãos a se arrependerem para morrem em paz e o rabino conclama os judeus a aprenderem viver sob a água, os judeus se adaptaram a diversos modos de vida e assim o humor ganhou novos temas, incluindo aqueles relacionados à formação do Estado de Israel (1947).

“A sátira é a indignação moral transformada em arte cômica ” (Philip Roth)

Piadas criadas em pleno campo de concentração, provérbios para fazer maldições contra desafetos, anedotas sobre pedintes ingratos  – na cultura judaica receber esmolas é um direito -, os problemas de identidade do povo judaico, o novo-rico, alusões à ‘mãe judia’, as neuroses e os hábitos judaicos de reclamar da saúde são amplificados e explorados para provocar riso.

“— Diga-me, você que sabe tudo, o que Eva dizia quando Adão voltava tarde? — Ela contava suas costelas — respondeu o rabi.”

Boa parte das anedotas e provérbios irônicos é anônima e possivelmente foi criada e repassada por estudantes da Torah e rabinos, mas os autores traçam minibiografias de alguns autores célebres e reproduzem pequenas coletâneas de cada um.

A inteligência e a acidez do humor judaico são encontradas claramente em autores tão diferentes quanto Philip Roth e Kafka. Preciso até resenhar alguns livros deles para vocês.

Do Éden ao Divã não é um livro para gargalhar. O humor judeu, não raro, faz você rir com as vísceras.

Recomendo.

Você pode gostar de:

Valores Judaicos & Outras Coisas 

Lista de alguns judeus célebres citados pelos autores

Woody Allen, Jack Benny, Milton Berle, Fanny Brice, Mel Brooks, Lenny Bruce, Art Buchwald, George Burns, Red Buttons, Sid Caesar, Eddie Cantor, Al Capp, Bennett Cerf, Byron Cohen, Stanley Elkin, Jules Feiffer, Bruce Jay Friedman, Rube Goldberg, Dan Greenburg, Milt Gross, Sam Gross, Goldie Hawn, Joseph Heller, Abbie Hoffman, Lou Jacobi, Danny Kaye, Alan King, Robert Klein, Paul Krassner, Harvey Kurtzman, Bert Lahr, Norman Lear, Fran Lebowitz, Jack E. Leonard, Jerry Lester, Sam Levenson, David Levine, Jerry Lewis, os Irmãos Marx, Bette Midler, Henry Morgan, Zero Mostel, Lou Myers, S. J. Perelman, Carl Reiner, Don Rickles, Joan Rivers, Leo Rosten, Philip Roth, Mort Sahl, Dr. Seuss, Dick Shawn, Al Shean, Allan Sherman, Max Shulman, Phil Silvers, Shel Silverstein, Neil Simon, Saul Steinberg, Barbra Streisand, Larry Storch, Gerald Sussman, Calvin Trillin, Sophie Tucker, Ira Wallach, Billy Wilder e Gene Wilder.

“Se A é o sucesso na vida, então A = X + Y + Z, onde X é trabalho, Y é diversão e Z é manter a boca fechada.” (Albert Einstein)

Beijos

2 comentários em “Do Éden ao Divã”

  1. Espetacular… se possível deixa mais dicas de livros sobre Judaísmo Meire, amo tudo relacionado às religiões, o conceito geral de religião na verdade, já que o conceito é moderno né? E não necessariamente tudo que conhecemos como religião está no conceito inicial de religião 👀

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