[Resenha] O Segredo Está nos Telômeros | Susan Blackburn e Elissa Capel

Por @meire_md

“Na verdade, se você tentar prolongar a sua vida usando métodos  artificiais para aumentar a telomerase, você estará colocando sua vida em risco (…) Você não vai querer bombear suas células com telomerase artificial correndo o risco de incitá-las a trilhar o caminho que as pode transformar em cancerosas. A não ser que a área de suplementos de telomerase demonstre por meio de estudos clínicos amplos e de longo prazo que o uso é seguro, segundo nosso ponto de vista, é sensato evitar quaisquer pílulas, cremes ou injeções que aleguem aumentar a telomerase. Dependendo de sua propensão individual para diferentes tipos de câncer, você pode aumentar potencialmente a chance de desenvolver diferentes cânceres(…)”.

Alerta das autoras sobre certos suplementos que alegam combater o envelhecimento 

 

O Segredo Está nos Telômeros é um livro de divulgação científica escrito em 2017 por Elizabeth Blackburn e sua amiga, a Dra. Elissa Capel, (psicóloga e pesquisadora) que condensa décadas de pesquisas sobre a relação da saúde dos Telômeros com a manutenção da juventude das células e a proteção contra o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas e morte precoce.

O objetivo das autoras foi promover instruções sobre estilo de vida baseadas em evidências científicas.

A minha edição é para Kindle, mas tem a edição de papel também, ambas disponíveis na Amazon aqui.

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Em meados da década de 80 a pesquisadora, bióloga e dezenas de vezes premiada Elizabeth Helen Blackburn participou da descoberta do papel da telomerase, uma enzima que protege os nossos telômeros.

Os Telômeros são as pontinhas dos cromossomos e tem um papel importante na proteção de nosso material genético contra o envelhecimento celular precoce.

A partir de meados da década de 90 o papel do estresse crônico no envelhecimento humano já estava bem consolidado e a pesquisa sobre a ação da telomerase possibilitou entender muito mais sobre o processo de envelhecer.

Interessante saber que já por esta época as pesquisas começaram a sugerir que a meditação (vou postar mais sobre isso depois), ação que inibe o estresse, pode atuar positivamente na saúde dos telômeros e consequentemente combater – como coadjuvante – alterações degenerativas.

Em 2009 e juntamente com dois outros pesquisadores, Elizabeth Blackburn foi laureada com o Prêmio Nobel (de Fisiologia e Medicina) e suas pesquisas, sobretudo as que visam elucidar os fatores fisiopatológicos que atuam contra o envelhecimento, continuam acontecendo até hoje.

A base da pesquisa da Dra Elizabeth demonstrou que sem telomerase as nossas células param de se renovar porque tal deficiência deixa nossos telômeros mais curtos e defende, dado o corpo de evidências acumulado, que esta relação está estabelecida com precisão.

“A solução é regular adequadamente a ação da telomerase nos telômeros – nas células corretas e nas ocasiões corretas, porque somente isso vai nos manter – e os telômeros – saudáveis. O corpo sabe como fazer isso, e nós podemos ajudá-lo com um estilo de vida pleno de estratégias de renovação.”

O livro tem escrita didática, direcionada a leigos no assunto e é dividido em quatro partes cujos capítulos contém um resumo do que foi exposto, conta com índice remissivo e quase 30% de seu conteúdo é dedicado à bibliografia.

Com exceção de algumas partes relativas aos tóxicos ambientais – acho que elas se empolgaram demais e extrapolaram ao falar de supostos disruptores endócrinos sem que tivessem boas evidências para isso – é um excelente livro e reflete bem a reconhecida generosidade de Elizabeth Blackburn. Elas foram muito zelosas mesmo.

“Nós exploramos a conexão estresse-telômeros, explicamos o estresse nocivo versus o estresse típico e mostramos como o estresse e os telômeros curtos afetam o sistema imunológico. As pessoas que reagem ao estresse sentindo-se excessivamente ameaçadas têm telômeros mais curtos do que aquelas que reagem ao estresse com uma crescente sensação de desafio.”

O estresse, seus mecanismos e as formas de combatê-los são bem esmiuçados e elas explicam como pesquisas foram feiras com pessoas de diferentes perfis psicológicos e níveis de estresse e detalham que o estresse não é um mal per si quando a pessoa o utiliza ao seu favor, ou seja, como se fossem esportistas desafiados a superar um desafio.

“Quando a nossa equipe realizou um estudo sobre o pessimismo e o comprimento dos telômeros, descobriu-se que as pessoas com pontuação mais alta em um inventário de pessimismo tinham telômeros mais curtos”

Ao final de cada parte há um laboratório de renovação e elas incluem dicas de mudanças de hábitos, explicam como mudar o pensamento para alterar hábitos nocivos e sua visão do mundo e, por fim, como lidar com um mundo lotado de distrações que, no final das contas, findam ‘emburrecendo’ nosso cérebro.

Os tipos e frequência ideais de exercício físico, sono e as orientações dietéticas e sobre mudanças no pensamento foram construídos ao longo do livro, bem como um teste sobre nossa personalidade e outros.

“Conscienciosidade na infância prediz a longevidade décadas mais tarde. Um estudo com pacientes da Medicare apontou que os que tinham mais autodisciplina viviam 34% mais do que seus pares menos conscienciosos (…) “As pessoas mais belas que nós temos conhecido são aquelas que conheceram a derrota, conheceram o sofrimento, conheceram a luta, conheceram a perda e descobriram como sair do buraco. Essas pessoas têm uma apreciação, uma sensibilidade e uma compreensão da vida que as enche de compaixão, de gentileza e de um
profundo interesse cheio de amor. As pessoas belas não acontecem simplesmente”.

E o peso? É preciso ser magro para ser saudável? O que comer? Quanto e como se exercitar? Que tipo de exercício é melhor? Todas estas questões são bem abordadas.

Elas fazem alertas especiais a respeito de inflamações, resistência à insulina e estresse oxidativo, por desenvolverem um ambiente insatisfatório para os telômeros e as células e prestam informações sobre antioxidantes , Ômega 3 e consumo de açúcar.

Achei particularmente interessante a correlação do medo de envelhecer e de uma não aceitação da idade, como formas de acelerar o próprio envelhecimento.

Um tema muito sensível (e triste) é a constatação de que mães e pais sob condições socio-econômicas ruins ou lares desestruturados transmitem telômeros mais curtos aos seus filhos.

Enfim, O Segredo Está nos Telômeros é uma excelente compilação. Recomendo a leitura.

 

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2 comentários em “[Resenha] O Segredo Está nos Telômeros | Susan Blackburn e Elissa Capel”

  1. Estou lendo agora (depois de ter visto a resenha) e gostando muito! Leitura gostosa, fluida e que me faz repensar padrões de agir. Uma delicinha!

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